quinta-feira, 17 de outubro de 2013

I Encontro Estadual de Agricultores/as: Compartilhando saberes e esperanças.

Abertura do Encontro de agricultores/as na Câmara
de Vereadores de Afogados da Ingazeira
“Mais que um encontro de troca de experiências, esse foi um momento para compartilhar esperanças”, disse uma das jovens agricultoras ao avaliar o I Encontro Estadual de agricultores e agricultoras experimentadores/as do estado de Pernambuco, que teve início no dia 13/10/2013 e terminou no dia 15/10/2013 com o almoço no Clube Campestre em Afogados da Ingazeira - PE. Foi um momento ímpar, pensado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e organizado pelas organizações que compõem a ASA-PE, dedicado especialmente aos agricultores/as familiares.

O encontro atingiu os objetivos propostos que era de fomentar o debate sobre as questões das sementes no estado, a preservação do patrimônio genético (animal e vegetal) e discutir as perspectivas da ASA no campo da preservação das sementes; além da formatação de propostas concretas para serem apresentadas no 3º encontro Nacional de agricultores e agricultoras que acontecerá em Campina Grande na Paraíba e reunirá cerca de 250 participantes de todo o Semiárido brasileiro entre os dias 28 e 31 de outubro e terá com o  tema: Guardiões da Biodiversidade: cultivando vidas e resistência no Semiárido.

Intercâmbios de experiências:

Além das discussões em plenário através dos painéis e mesas de debates, apresentados pelos próprios agricultores experimentadores, outra dinâmica foi a atividade prática, os intercâmbios, que possibilitaram o conhecimento in loco das várias experiências exitosas do Semiárido pernambucano, como o Biodigestor do agricultor Ivan Lopes do Povoado Bom Sucesso, Tuparatama, PE. Ele acredita na energia renovável e garante uma boa produção orgânica na sua propriedade.

Outra experiência visitada foi a Unidade de beneficiamento da castanha de caju mãos crioulas, das comunidades Umbuzeiro e Leitão, Afogados da Ingazeira-PE; um exemplo de organização, determinação e coragem dos agricultores/as.

O manejo de animais foi outra experiência conhecida na propriedade do senhor José Alfredo Filho, muito conhecido como seu Zezinho e de dona Lurdinha, da comunidade Pajeú Mirim à 18 km da cidade Tabira, PE. O produtor e sua família receberam os visitantes com muita satisfação e se colocaram à disposição dos visitantes. Ele falou do controle das vacinas, principalmente no cuidado com a verminose, garante a alimentação dos animais à partir da silagem do sorgo e outras forragens e garante a água pra família e os animais através do armazenamento na cisterna de 16.000 mil litros e de uma cacimba. “A agricultura familiar sempre foi a nossa principal atividade, desde os meus pais que foram agricultores de verdade. em tempos bons de chuva, nós tiramos tudo nesta propriedade”, enfatiza seu Zezinho. Os visitantes perceberam ainda o envolvimento dos filhos do casal no manejo dos animais e nas atividades rurais, garantindo a renda necessária para bancar os estudos dos mesmos. O agricultor contou que tira toda semana em torno de 56 litros de leite de cabra e vende na cidade, e que o dinheiro é do filho para custear a faculdade de matemática dele. Como o intercâmbio garante a troca de saberes, seu Zezinho também tirou suas duvidas com os agricultores e técnicos sobre os problemas com a parição das cabras e satisfeito com o que ouviu, agradeceu. De acordo com a agricultora Aparecida Diniz, do Povoado São José de Pilotos, município de Santa Cruz da Baixa Verde, a visita de campo foi muito importante e serviu de exemplo para aqueles que se interessaram pela criação de animais de pequeno e médio porte.

Um dos grupos de agricultores visitou a experiência do manejo sustentável da caatinga, do agricultor José Carlos, do Assentamento das Onças, em Afogados da Ingazeira. Destaque para a preservação da biodiversidade da fauna e da flora, por meio de uma barragem construída com galhos de marmeleiro e jurema preta para diminuir a erosão por meio da obstrução da chuva e reter sementes das plantas nativas. A o trabalho da proliferação fica por conta de abelhas besouros e maribondos.

A última experiência visita foi a da agricultora Terezinha Cavalcanti, uma senhorinha simpática da comunidade São Miguel do município São José do Egito, no Sertão do Pajeú que desenvolve os quintais produtivos. Ela consegue manter a produção orgânica mesmo com as estiagens, graças à sua disposição dedicação e amor à terra.

Durante os debates, os agricultores e agricultoras interagiram, expondo suas percepções em relação às experiências visitadas, do acesso a água, terra, manejo dos animais, beneficiamento, manejo agroflorestal, produção orgânica e a criação de bancos de sementes; assimilando bons exemplos e práticas que levarão para suas comunidades. Para a agricultora Jucileide do Assentamento Lulaço, em Belém do São Francisco foi muito importante a troca de saberes, porque tirou várias dúvidas em relação ao manejo com os animais, as plantas; e alertou para a necessidade da manutenção e armazenamento das sementes, tanto animal como vegetal.

Propostas dos agricultores/as:

O trabalho de grupo possibilitou a discussão e a formatação de várias propostas que serão apresentadas pelos 28 representantes de Pernambuco no 3º Encontro Nacional em Campina Grande/PB.

  • Garantir sementes de qualidade e variedade suficiente, como também seu insumos e utensílios de armazenamento para a agricultura familiar;
  • Garantir assistência técnica voltada para a agricultura familiar; Garantir á agricultura familiar um programa de aquisição de animais de pequeno porte, disseminação e implantação o bio digestor;
  • Um programa de conscientização dos agricultores em relação a semente crioula (animal e vegetal); Campo de produção de sementes crioulas; Que cada município adote um banco de sementes crioulas;
  • Um selo de garantia que essas sementes sejam crioulas e orgânicas;
  • Criar condições para o agricultor armazenar grãos, forragens e água;
  • Intensificar a fiscalização para que haja o cumprimento da Lei e a venda dos produtos da agricultura familiar para o PAA e PNAE; Criar Lei Federal de Sementes Crioulas.
Encerramento:

“Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, foi a música que embalou a mística de encerramento do I Enconto estadual de agricultores/as do estado de Pernambuco organizado pela ASA-PE. Quem teve a honra de aspergir o líquido sagrado e abençoado indispensável à vida, a água, sobre os participantes e desejando um bom retorno, foi a senhora Francisca Maria de Almeida, Assentamento Tomada da Quixabeira; mulher, mãe, agricultora experimentadora, exemplo de vida em nosso Semiárido.

Outros registros:








Josiel Araújo Santos
Comunicador Popular/ASA/Polo Sindical

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