quinta-feira, 31 de outubro de 2013

1º Encontro Regional de Juventude Rural do Submédio São Francisco – PE/BA em Jatobá - PE

Por Josiel Araujo - Comunicador

Foto: Cejor
Encontro Municipal de Orocó-PE
No próximo domingo, (03), das 08h00 às 17h00 no Clube Recreativo de Itaparica – CRI, Jatobá/PE, a Juventude pernambucana e baiana das áreas de atuação do Polo Sindical dos/as Trabalhadores/as Rurais do Submédio São Francisco estará reunida no 1º Encontro Regional de Juventude Rural, evento organizado pela Diretoria de Política para a Juventude da FETAPE, pela Secretaria de Mulheres e Jovens do Polo Sindical, a Comissão de Jovens Trabalhadores/as Rurais e os Sindicatos dos/as Trabalhadores/as Rurais com o objetivo de integrar e organizar os jovens rurais para lutarem por políticas públicas que atendam os seus anseios. Na programação estão previstos oficinas temáticas, apresentações culturais dos municípios, música, dança, momentos de descontração e muito mais!

O encontro compõe o conjunto de estratégias,  ações e mobilizações da juventude do Sertão do Submédio São Francisco e visa disseminar a Campanha de Sindicalização e Quitação dos jovens para o fortalecimento dos sindicatos rurais. Esta Campanha teve início no dia 1º de maio de 2013 e terminará em dezembro deste ano. Nesta perspectiva, entre os dias 27 a 31 de julho de 2013 foram realizados 09 Encontros Municipais de Juventude Rural nos municípios de Jatobá, Inajá, Manari, Ibimirim, Floresta, Itacuruba, Carnaubeira da Penha, Belém de São Francisco e Orocó.

“Isentar os jovens da contribuição sindical inicial, garantir a participação dos mesmos em seus sindicatos para fortalecer a luta, promover a integração, a união e organização destes com foco nas políticas públicas pra juventude rural é a finalidade central desta campanha”, enfatiza Lucinéia Justino, Diretora da Secretaria de Mulheres e Jovens do Polo Sindical. 

Juventude Rural,
Participe!
Realização:

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Intercâmbio Intermunicipal: Ampliando saberes, trocando experiências e fortalecendo a Agricultura Familiar.

Por Josiel Araújo - Comunicador do Polo Sindical

Apresentação dos agricultores/as e
expectativas
Com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar a partir da troca de experiências e saberes entre os agricultores/as em torno das práticas agroecológicas e agroflorestal, o Polo Sindical dos/as Trabalhadores/as Rurais do Submédio São Francisco promoveu nos dias 25 e 26 de outubro um Intercâmbio Intermunicipal entre os agricultores/as de Inajá, Belém do São Francisco e Carnaubeira da Penha, municípios que fazem parte da área de atuação do Polo, com agricultores da cidade de Serra Talhada/PE. Vale salientar que estes trabalhadores/as acessarão as tecnologias sociais de produção, como: cisterna calçadão, barreiro trincheira, cisterna enxurrada e barragem subterrânea do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) através do Termo de Parceria (TP) com a Petrobras.

Para garantir a realização deste encontro entre agricultores/as, o Polo Sindical contou com parceria da Secretaria de Agricultura Familiar do Município de Serra Talhada, nas pessoas do Secretário José Pereira de Souza (Zé Pereira), da Diretora Ana Bezerra Mourato Cordeiro (Ana Mourato), dos Técnicos Agrícolas Rogildo e Claudevan e demais colaboradores da Secretaria. O Técnico em Meio Ambiente, Gilberto também contribuiu com o intercâmbio. A organização e articulação do evento ficou por conta da equipe do P1+2, coordenada por Sandro Rogério que se fez presente com demais membros: Izabel Cristina - Aux. Administrativo; Josiel Araújo - Comunicador; Jailson Cruz e Josévanio agentes sociais do programa. O coordenador do P1MC/Polo José Dionízio também participou do intercâmbio contribuindo com seus conhecimentos na área técnica e prática como agricultor familiar no Projeto Brígida, Orocó-PE.

Após o café da manhã na casa da senhora Eunice Maria de Lima na Comunidade Fazenda Angico Grande, os participantes marcharam para o sítio do senhor Maurício e dona Cristiana e visitaram a experiência destes agricultores com a produção de hortaliças e frutíferas no sistema agroecológico e agroflorestal desenvolvido com êxito na propriedade da família, uma das 193 famílias beneficiadas com o Projeto “Canteiro de Latada” e acompanhadas pelos técnicos. “Queremos mostrar que o nordestino, mesmo em ano de seca consegue viver plantando com pouca água produtos orgânicos, e, além de plantar para a alimentação familiar, também pode ser repassada para o PAA, onde a prefeitura compra a produção dos trabalhadores/as familiares”, diz o Secretário Zé Pereira.


Debaixo de um frondoso e sombroso "pé de mangueira", os participantes se apresentaram e falaram das suas expectativas. Em seguida, o grupo se dividiu em dois subgrupos, e, cada um, acompanhado por um técnico, visitou a propriedade. Dentre as informações recebidas e trocadas entre os agricultoras/as, destacam-se: Melhor maneira de fazer podas nas plantas, as ferramentas necessárias e a esterilização das mesmas; cobertura morta; produção e uso do biofertilizante (defensivos naturais); aproveitamento dos espaços; rotação de cultura; bancos de sementes; preservação das matas ciliares; controle natural de pragas, etc..

O plantio de uvas sem uso de agrotóxicos na propriedade despertou a curiosidade dos participantes, sendo esclarecido pelo senhor Maurício que foi implantado por um dos seus irmãos que trabalhou 05 anos nos parreirais de Petrolina e aprendeu o manejo, “e vimos que dá certo”, conta. Os técnicos também explicaram que o clima e a terra da região do sertão são propícios para o plantio. A família usa um motor à diesel para puxar água de uma cacimba e faz a irrigação com um sistema de microaspersão com gotejamento, usando na ponta do aspersor sacolinhas plásticas para garantir a molhação e controlar o desperdício de água. Outra experiência na aguação das plantas é o gotejamento com um furo no pote feita pelo senhor Maurício José de Lima, pai de Maurício.


Para Adimilson Nunis, Coordenador do Polo Sindical e agricultor familiar que acompanhou os agricultores/as, esse é um grande exemplo de dedicação e trabalho coletivo da família e das parcerias com governos comprometidos com a sobrevivência trabalhadores/as em equilíbrio com a natureza. “Ficamos felizes em trazer os nossos agricultores/as para conhecerem experiências como essas e esperamos que num futuro próximo, as nossas famílias que acessarão as tecnologias de produção possam receber visitas (intercâmbios) de outros agricultores para aprenderem da mesma forma que aprendemos hoje”, enfatiza.

O grupo foi recebido na parte da tarde na casa de dona Nilma que mora no Assentamento Poldrinhos e serviu um delicioso almoço. Ela falou da sua luta e apresentou sua experiência com a produção orgânica no quintal de sua casa utilizando água de um poço. Dona Nilma enche garrafas peti, faz um furinho na tampa e deixa molhando a planta o dia todo; com isso, ela garante a molhação e faz economia de água. “Não podemos ficar parados só porque não tem chuva, temos que lutar; e vai ficar melhor, se Deus quiser, quando chover e encher a minha cisterna calçadão que está aqui na frente de casa, pois, vai facilitar muito”, conta dona Nilma.

Os participantes agradeceram à gentileza e a receptividade da agricultora Nilma e se deslocaram até o Viveiro de mudas da secretaria de agricultura de Serra Talhada/PE, sendo recebidos pelo Secretário Zé Pereira, Ana Mourato, pelo técnico Rogildo e pela senhora Zefinha que há 09 anos trabalha na sementeira do viveiro. O objetivo da visita foi conhecer o trabalho desenvolvido, conhecer a diversidade das mudas produzidas, as propriedades e benefícios das plantas e também trocar sementes por mudas. Quanto aos benefícios das plantas, os agricultores/as ouviram a história da recuperação do secretário Zé Pereira que estava de cama com dores durante 42 dias e se recuperou ao fazer uso do chá de pau-ferro. “Eu esta praticamente paralítico, e depois que comecei a tomar o chá, com três dias eu me levantei”, contou Zé Pereira.

No dia seguinte, logo cedo, o grupo de agricultores/as foi visitar a Feira Agroecológica de Serra Talhada, e, além de conhecer o trabalho dos produtores/as, puderam aproveitar para tomar um cafezinho num espaço criado com carinho pelos feirantes para na hora do descanso, “papearem.” Já na sede da Fetape de Serra Talhada/PE, os participantes conversaram com Gildete, atual Coordenadora da feira agroecológica há 05 anos. Iniciada em 2001 com o apoio das Entidades Cecor, Centro Sabiá, Adessu e o Sindicato de Santo Antonio da Baixa Verde. Após 6 anos de luta, conseguiram um local próprio para a feira e constituíram um Estatuto que organiza as entradas e saídas dos participantes e regulamenta as iniciativas e atividades organizadas e o Fundo Rotativo da Feira. Funciona aos sábados a partir das 5:00 horas da manhã. “A pesar das dificuldades que a feira tem, pois, trabalhar com pessoas não é fácil, a feira hoje está estruturada, tem uma boa relação com o poder público e os Sindicatos, têm um fundo rotativo para custear despesas e organizar as estruturas e realiza alguns eventos”, disse a coordenadora. Houve um momento para as dúvidas e perguntas que foram todas esclarecidas por Gildete.


Em sintonia com o momento de discussão em torno da feira agroecológica, o professor da Faculdade Federal de Serra Talhada João Amorim, que de 2003 à 2009 foi o Coordenador Nacional do Programa 1 Milhão de Cisternas Rurais, da ASA, falou aos agricultores/as de forma simples e direta sobre a importância do associativismo e cooperativismo. Para ele o associativismo tem fortalecido cada vez mais a sociedade brasileira nos processos de luta e garantias dos direitos. “Quanto mais nos envolvemos, melhor compreendemos a questão da alimentação, da comercialização, industrialização, da agroecologia, dos rebanhos, daqueles que perdemos com a estiagem, dos que estão magros agora; esse movimento todo, eu acredito e aposto que ele tem mais força, quando ele é discutido na Associação”, enfatiza João Amorim. Para Sandro Rogério, “o que importa no associativismo é o comprometimento e a cumplicidade que se tem que ter dentro da comunidade na hora de se resolver os problemas”. O professor falou ainda da descentralização do poder do Presidente, que em vez de ditar ou decidir, deve construir coletivamente os encaminhamentos e as reivindicações da comunidade. Houve interação e discussão do assunto pelos agricultores, inclusive a manifestação de uma das agricultoras presentes que disse que irá se associar ao sindicato local.


Por fim, foi feito uma breve avaliação do intercâmbio intermunicipal pelos agricultores e agricultoras participantes, pelos técnicos do Polo e da Secretaria de Agricultura de Serra Talhada/PE, destacando-se o conjunto de experiências visitas e a troca de saberes, a receptividade local, as interrelações (amizades construídas), os bons exemplos de trabalho familiar e coletivo e os esclarecimentos e informações em relação as formas de organizações da comunidade.

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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Polo Sindical-PE/BA homenageia Fulgêncio Manoel da Silva: Um líder inesquecível!

Por Josiel Araújo Santos - Comunicador Popular/Polo Sindical-PE/BA

Foto: Arquivos do Polo Sindical

Fulgêncio Manoel da Silva, 61 anos, era um homem do povo, da luta e de Deus. Dedicou 27 anos de sua vida ao movimento sindical na região de Itaparica, Submédio São Francisco e construiu um legado inestimável de amizades e de conquistas sociais junto com trabalhadores/as e suas organizações sindicais.

A principal delas foi o Reassentamento de Itaparica, através do “Acordo de 86”, como ficou conhecido, garantindo aos trabalhadores/as o direito à permanência na terra com casas, lotes irrigados, área coletiva para agricultura de sequeiro, indenizações, linhas de crédito, assistência técnica e o acompanhamento direto das entidades representativas no processo de relocação das famílias. Sonhava e acredita com um reassentamento livre, forte, produtivo, com viabilidade econômica e social e pregava a autogestão dos projetos. Combativo, não se cansou de dizer não às privatizações do governo, ao desrespeito com trabalhadores/as, à ganância dos latifundiários e à violência.
Sua luta em defesa dos direitos dos atingidos pela barragem de Itaparica e pela cidadania dos trabalhadores/as rurais foi lembrada com a premiação “Medalha Chico Mendes de Resistência 2000”, criada em 1989 e que é entregue todos os anos a 10 personalidades ou instituições latino-americanas que se destacam na luta pelos direitos humanos.

Ato contra as privatizações em Paulo Afonso -BA, 2000.
Durante toda a sua trajetória como líder sindical, sempre agiu com simplicidade, humildade e dignidade, buscando conquistar através do diálogo os direitos do povo. Quando este cessava (o diálogo), a pressão e ocupação eram as únicas saídas encontradas; mas, sem perder a ternura. Esse jeito de lidar com as pessoas e as questões sociais era próprio de Fulgêncio que cultivava cada vez mais admiração e respeito de quem o conhecia. Sentimentos, estes, explícitos no texto de Creusa Lopes (2007): Conheci “seu Fulgêncio” em 1991 quando vim trabalhar no Pólo Sindical, desde o inicio senti por ele uma grande admiração e respeito. A agrovila 43 passou a ser “meu quartel general”, ficava semanas inteiras na casa de dona Zefinha (sua irmã) e seu José Lima; juntos trabalhávamos nas agrovilas incentivando os/as reassentados/as a lutarem por suas terras e seus direitos. E com ele fui aprendendo muitas coisas e vendo meu respeito e admiração aumentar”.
  
Encontro Internacional do MAB - Curitiba/PR, 1997.
É a este companheiro de todas as horas, homem sonhador, líder exemplar que doou a sua vida em favor de muitos, participando diretamente dos Sindicatos de Floresta (1970-1988) e Santa Maria da Boa Vista (1988), Coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragem - MAB (1990-1993), integrante da direção do Polo Sindical (1998), dentre outras atuações importantes, que o Polo Sindical dos/as Trabalhadores/as Rurais do Submédio São Francisco – PE/BA, quer homenagear neste dia, 16/10/2013, em que se completam 16 anos do seu brutal assassinato; querendo, sobretudo, externar o sentimento de gratidão por tudo aquilo que Fulgêncio construiu junto com os trabalhadores/as da nossa região, deixando um legado material, social, educacional e cultural imensurável.

Esse legado eternizou-se em seus versos, prosas e poesias por meio do Cordel, dos quais se aproveitava também para denunciar e conscientizar os trabalhadores. Dentre suas principais obras estão: “A cesta do governo Collor”; “Idéias para acabar com a seca”; “O acampamento na Hidroelétrica de Itaparica” e “Autogestão”.

“A todos reassentados
Preste bem atenção
A tudo que eu vou falar
Nessa minha narração
No meus versos vou falar
Pra juntos nos preparar
Pra futura autogestão.

         Pra quem não sabe o que é isso
         Eu quero aqui explicar
         Auto quer dizer dono
         Com direito de mandar
         E nessa outra questão
         Que se chama de gestão
         Quer dizer administrar”.
         (Trecho do verso de Fulgêncio “Autogestão”)

Os versos do passado nos remetem a uma profunda reflexão no presente da capacidade, sensibilidade e sabedoria deste líder em fazer a leitura da vida e dos acontecimentos a partir da caminha e da luta dos trabalhadores/as, das suas aspirações por políticas públicas que contemplem os menos favorecidos e pelo envolvimento da sociedade como um todo nos momentos decisivos para o rumo do País. A autogestão dos projetos de reassentamentos defendida, propalada e alertada por Fulgêncio ontem, é realidade hoje, e nos chama a atenção para o posicionamento vigilante e combativo na defesa dos trabalhadores/as, mesmo diante de um governo popular. Para isso, é preciso a manutenção do foco, o surgimento de novos líderes, do resgate das bandeiras de luta através da reorganização dos movimentos, pois, a caminhada ainda é longa, os percalços ainda existem e no jogo de interesses os trabalhadores só ganharão se estiverem unidos e organizados.

Fulgêncio sempre foi referenciado e homenageado em várias obras populares pelos poetas do povo como ele, de companheiros de luta, grupos, movimentos sociais e amigos, como no poema: Fulgêncio, toda hora, todo dia! de José Tenório da Silva.

Fulgêncio só deixou exemplo
a ser seguido
sua vida foi um poema
de rimas e versos bonitos
só cantou a liberdade
deve está mais Castro Alves
fazendo versos pra Cristo

Vamos todos fazer
o que Fulgêncio queria
conscientes e unidos
viver a cidadania
mostrar que sua luta
não foi em vão
e que Ele vive em nosso coração
toda hora, todo dia!

“Sempre lembramos com pesar do companheiro que nos deixou a 16 anos, mas também devemos aproveitar para avaliarmos melhor as nossas ações e os nossos compromissos com reassentamento de Itaparica à luz dos ensinamentos, da dedicação e dos sonhos de Fulgêncio que também são nossos. A ele a nossa gratidão e a certeza de que a semente que ele plantou continua germinando em nossos corações, em nossas almas e em nossas lutas por justiça, igualdade, fraternidade, viabilidade econômica nos projetos, pois, o sonho não acabou!”, enfatizou Adimilson Nunis, atual Coordenador do Polo Sindical-PE/BA.

A direção do Polo Sindical representada por Adimilson Nunis, Jorge Melo e Elizado Falção esteve reunida no último dia 16/10/2013 no Projeto Fulgêncio com os diretores dos Sindicatos dos Trabalhadores/as Rurais (STR’s), lideranças comunitárias e Comissão Local dos Reassentados (CLR), prestando homenagens a Fulgêncio no dia do aniversario de sua morte e organizando uma Agenda com as famílias reassentadas para discutirem o Novo Convênio entre CHESF e CODEVASF que trata da Transferência de Gestão e irá executar algumas ações no Projeto Fulgêncio (ex. Caraíbas).

Assim como a amiga Creuza Lopes, queremos pedir ao Inesquecível Líder Fulgêncio Manoel da Silva que de onde estiver estenda o seu inseparável chapéu para cobrir e marcar com o sinal da esperança, da justiça e da paz todos os reassentados de Itaparica que continuam a lutar, sem cessar, acreditando em melhores dias.

Fontes: Creusa Lopes, Texto: A Gente se Acostuma, mas não devia. 10/10/2007.
Arquivos: Boletim Informativo do Polo Sindical dos Trabalhadores/as Rurais do Submédio São Francisco-PE/BA.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Fetape organiza ocupação do Incra em Petrolina e apresenta várias reivindicações

Trabalhadores/as ocupam Sede do INCRA em Petrolina-PE
Foto: Carol Souza
Mais de 500 agricultores e agricultoras ocuparam na manhã de hoje (22) a 29º Sede da superintendência regional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária - INCRA de Petrolina-PE para cobrar ações concretas e imediatas do órgão com relação a Reforma Agrária, Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), destravamento dos recursos para Infraestrutura social e produtiva nos Assentamentos, dentre outras.

Este movimento foi organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (FETAPE) após vários encontros e fóruns de debates com os trabalhadores/as e conta com o apoio de várias organizações, como: Polos Sindicais, incluindo o Polo Sindical dos/as Trabalhadores/as Rurais do Submédio São Francisco-PE/BA nas pessoas do seu Coordenador Geral Adimilson Nunis, o Secretário Geral José Osivan e o Diretor de Convivência com o Semiárido Elizado Falcão; dos Sindicatos Rurais (STR’s) e os agricultores e agricultoras pernambucanos.

Os trabalhadores entregaram ao Superintendente Vitor Hugo a pauta reivindicatória e esperam a resposta do órgão do governo ainda hoje às 16h00.
                             
                            Fotos: Ingridh Alves - Coletivo de Jovens do Polo Sindical PE/BA

Por Josiel Araújo
Comunicador/Polo Sindical

A Peregrinação no São Francisco, 20 anos depois. Uma compreensão comum.


“A peregrinação e os jejuns tornaram-se referências de luta não só para o São Francisco e o Nordeste, neste início de século XXI, ao fazer a ponte entre fé e vida, ecologia e política, indivíduo e sociedade, espiritualidade e luta. Para nós, ribeirinhos e lutadores do São Francisco, revisitar, reviver e manifestar este legado é reencontrar, a despeito da conjuntura adversa, as forças que nos movem a continuar até vencer”, afirma o agente da Comissão Pastoral da Terra – CPT-Bahia.
Há 20 anos o franciscano Luiz Cappio liderou a primeiraPeregrinação no Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, para “sensibilizar e mobilizar as comunidades locais para a preservação do Rio”. Passadas duas décadas, o contexto dos moradores que vivem no entorno do Rio São Francisco “acentua os simbolismos desta celebração bidecenal”, diz Ruben Siqueira.
No próximo dia 15 de novembro, uma Romaria à Foz do São Francisco irá relembrar as ações iniciadas há duas décadas para demonstrar que a “conjuntura política e econômica atual não favorece e até recrudesce as ameaças sobre o São Francisco Rio e Povo”, assinala.
Na avaliação dele, “a retomada neodesenvolvimentista impõe mais projetos degradantes à bacia, os quais se somam aos antigos, o que aumenta o passivo socioambiental. São projetos como a transposição, centenas de barragens nos afluentes e subafluentes, imensos parques eólicos, mineradoras por todo o território, expansão do agronegócio monocultor, agrocombustíveis, ferrovias e outras obras de infraestrutura. Com os movimentos populares sob controle, desfibrados, mais difícil é resistir e, mais ainda, avançar em revitalização com protagonismo do povo organizado”. E dispara: “A dinâmica voltou a ser ‘correr atrás do prejuízo’”.
Entre os desafios da SFVivo para os próximos anos está o de constituir “núcleos de cidadania” nos municípios para fiscalizar, pressionar e exigir a expansão e a conclusão das obras de saneamento. E também a recuperação de microbacias com a participação das comunidades. De resto, garantir os territórios dos povos e comunidades tradicionais e enfrentar os projetos que mais degradam as condições do rio e do povo sanfranciscano. Como se vê, a peregrinação pela vida do rio e do seu povo não para.
Há 20 anos o franciscano Luiz Cappio liderou a primeiraPeregrinação no Rio São Francisco, que nasce em Minas Gerais e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, para “sensibilizar e mobilizar as comunidades locais para a preservação do Rio”. Passadas duas décadas, o contexto dos moradores que vivem no entorno do Rio São Francisco “acentua os simbolismos desta celebração bidecenal”, diz Ruben Siqueira.
Fonte:Instituto Humanitas Unisinos
Leia matéria completa em: http://www.ihu.unisinos.br

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

I Encontro Estadual de Agricultores/as: Compartilhando saberes e esperanças.

Abertura do Encontro de agricultores/as na Câmara
de Vereadores de Afogados da Ingazeira
“Mais que um encontro de troca de experiências, esse foi um momento para compartilhar esperanças”, disse uma das jovens agricultoras ao avaliar o I Encontro Estadual de agricultores e agricultoras experimentadores/as do estado de Pernambuco, que teve início no dia 13/10/2013 e terminou no dia 15/10/2013 com o almoço no Clube Campestre em Afogados da Ingazeira - PE. Foi um momento ímpar, pensado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) e organizado pelas organizações que compõem a ASA-PE, dedicado especialmente aos agricultores/as familiares.

O encontro atingiu os objetivos propostos que era de fomentar o debate sobre as questões das sementes no estado, a preservação do patrimônio genético (animal e vegetal) e discutir as perspectivas da ASA no campo da preservação das sementes; além da formatação de propostas concretas para serem apresentadas no 3º encontro Nacional de agricultores e agricultoras que acontecerá em Campina Grande na Paraíba e reunirá cerca de 250 participantes de todo o Semiárido brasileiro entre os dias 28 e 31 de outubro e terá com o  tema: Guardiões da Biodiversidade: cultivando vidas e resistência no Semiárido.

Intercâmbios de experiências:

Além das discussões em plenário através dos painéis e mesas de debates, apresentados pelos próprios agricultores experimentadores, outra dinâmica foi a atividade prática, os intercâmbios, que possibilitaram o conhecimento in loco das várias experiências exitosas do Semiárido pernambucano, como o Biodigestor do agricultor Ivan Lopes do Povoado Bom Sucesso, Tuparatama, PE. Ele acredita na energia renovável e garante uma boa produção orgânica na sua propriedade.

Outra experiência visitada foi a Unidade de beneficiamento da castanha de caju mãos crioulas, das comunidades Umbuzeiro e Leitão, Afogados da Ingazeira-PE; um exemplo de organização, determinação e coragem dos agricultores/as.

O manejo de animais foi outra experiência conhecida na propriedade do senhor José Alfredo Filho, muito conhecido como seu Zezinho e de dona Lurdinha, da comunidade Pajeú Mirim à 18 km da cidade Tabira, PE. O produtor e sua família receberam os visitantes com muita satisfação e se colocaram à disposição dos visitantes. Ele falou do controle das vacinas, principalmente no cuidado com a verminose, garante a alimentação dos animais à partir da silagem do sorgo e outras forragens e garante a água pra família e os animais através do armazenamento na cisterna de 16.000 mil litros e de uma cacimba. “A agricultura familiar sempre foi a nossa principal atividade, desde os meus pais que foram agricultores de verdade. em tempos bons de chuva, nós tiramos tudo nesta propriedade”, enfatiza seu Zezinho. Os visitantes perceberam ainda o envolvimento dos filhos do casal no manejo dos animais e nas atividades rurais, garantindo a renda necessária para bancar os estudos dos mesmos. O agricultor contou que tira toda semana em torno de 56 litros de leite de cabra e vende na cidade, e que o dinheiro é do filho para custear a faculdade de matemática dele. Como o intercâmbio garante a troca de saberes, seu Zezinho também tirou suas duvidas com os agricultores e técnicos sobre os problemas com a parição das cabras e satisfeito com o que ouviu, agradeceu. De acordo com a agricultora Aparecida Diniz, do Povoado São José de Pilotos, município de Santa Cruz da Baixa Verde, a visita de campo foi muito importante e serviu de exemplo para aqueles que se interessaram pela criação de animais de pequeno e médio porte.

Um dos grupos de agricultores visitou a experiência do manejo sustentável da caatinga, do agricultor José Carlos, do Assentamento das Onças, em Afogados da Ingazeira. Destaque para a preservação da biodiversidade da fauna e da flora, por meio de uma barragem construída com galhos de marmeleiro e jurema preta para diminuir a erosão por meio da obstrução da chuva e reter sementes das plantas nativas. A o trabalho da proliferação fica por conta de abelhas besouros e maribondos.

A última experiência visita foi a da agricultora Terezinha Cavalcanti, uma senhorinha simpática da comunidade São Miguel do município São José do Egito, no Sertão do Pajeú que desenvolve os quintais produtivos. Ela consegue manter a produção orgânica mesmo com as estiagens, graças à sua disposição dedicação e amor à terra.

Durante os debates, os agricultores e agricultoras interagiram, expondo suas percepções em relação às experiências visitadas, do acesso a água, terra, manejo dos animais, beneficiamento, manejo agroflorestal, produção orgânica e a criação de bancos de sementes; assimilando bons exemplos e práticas que levarão para suas comunidades. Para a agricultora Jucileide do Assentamento Lulaço, em Belém do São Francisco foi muito importante a troca de saberes, porque tirou várias dúvidas em relação ao manejo com os animais, as plantas; e alertou para a necessidade da manutenção e armazenamento das sementes, tanto animal como vegetal.

Propostas dos agricultores/as:

O trabalho de grupo possibilitou a discussão e a formatação de várias propostas que serão apresentadas pelos 28 representantes de Pernambuco no 3º Encontro Nacional em Campina Grande/PB.

  • Garantir sementes de qualidade e variedade suficiente, como também seu insumos e utensílios de armazenamento para a agricultura familiar;
  • Garantir assistência técnica voltada para a agricultura familiar; Garantir á agricultura familiar um programa de aquisição de animais de pequeno porte, disseminação e implantação o bio digestor;
  • Um programa de conscientização dos agricultores em relação a semente crioula (animal e vegetal); Campo de produção de sementes crioulas; Que cada município adote um banco de sementes crioulas;
  • Um selo de garantia que essas sementes sejam crioulas e orgânicas;
  • Criar condições para o agricultor armazenar grãos, forragens e água;
  • Intensificar a fiscalização para que haja o cumprimento da Lei e a venda dos produtos da agricultura familiar para o PAA e PNAE; Criar Lei Federal de Sementes Crioulas.
Encerramento:

“Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, foi a música que embalou a mística de encerramento do I Enconto estadual de agricultores/as do estado de Pernambuco organizado pela ASA-PE. Quem teve a honra de aspergir o líquido sagrado e abençoado indispensável à vida, a água, sobre os participantes e desejando um bom retorno, foi a senhora Francisca Maria de Almeida, Assentamento Tomada da Quixabeira; mulher, mãe, agricultora experimentadora, exemplo de vida em nosso Semiárido.

Outros registros:








Josiel Araújo Santos
Comunicador Popular/ASA/Polo Sindical